Desequilibrio



Durante os últimos dias as coisas estavam fora do meu controle. Não sei se você vai me entender quando eu disser que isso pra mim é quase um ataque terrorista aqui no meu peito. 
Fui criada de uma maneira que eu precisasse pedir permissão ao mundo pra qualquer passo. Eu sempre quis aprovação, fazer alguma coisa certa já que desde o início tudo sempre foi errado... Me lembro de poucas vezes ter perdido o controle e fazer algo por mim. Algo meu, sem aprovação, sem explicações e justificativas. Me lembro de ter entrado dentro daquele avião e me sentir tão viva, tão minha. Esses dias tem sido tempestivos,turbulentos.
Foi quando acordei em meio a tempestade e lá estava um bilhete seu, que dizia coisas que me deixavam tão confusas, tão mais fora da minha muralha, da minha falsa proteção. Quem foi mesmo que me disse que meu único inimigo era eu mesma? Quase ouvi sua voz enquanto lia e tudo ao meu redor desmoronava. O lugar que era meu já não era mais. A falsa paz que me rondava me deixou, fugiu. Todos os lugares dentro de mim estavam irreconhecíveis, fora do lugar. Ou será que eu não enxergava a verdade? a minha fantasiosa e doente mania de me proteger, eu me destruía, me máscara, me tornava vítima de mim mesma. Eu sou meu próprio perigo.
Cada palavra sua destruía aquilo que demorei anos pra construir, meu castelo de pedras, silêncio e dor. Sempre me conformei com o silêncio, acho que aprendi a doma-lo e aceitar sem exitar, engolindo a seco a minha própria mão sobre a boca. Foi isso que aprendi, mas isso não é quem sou.
Quando terminei de ler não sabia se ria, chorava, se me desesperava, pela primeira vez foi um silêncio diferente, um silêncio em busca de me ouvir, de ouvir Deus, um momento de agradecer ainda que não soubesse nem o porquê. Que bom que tudo está fora do lugar e que finalmente posso começar a me arrumar. A me doer por inteira até florir. Até ser uma paz de verdade. 
Não posso afirmar que tenho o controle, acho que estou sobre o descontrole, desequilíbrio, pra quem sabe me equilibrar. Tá doendo, mas pra toda a dor há cura!
Solto os lemes do meu destino, sem fazer tempestade, mas tentando mostrar o que quero de cada mar. Se o barco vai afundar eu não sei, mas pelo menos vou me permitir conhecer a mim mesma. Perdoar cada erro meu e ser livre de mim mesma.
Que venham as tempestades, o mar agitado e bagunça que vem pra arrumar.



Meu beijo, Kaká. 




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