Ninguém sabe o que tem até perder

Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2015.



"Ninguém sabe o que tem até perder..."





Sempre fui muito extremista, ou te dou todo amor do mundo ou nada. Nenhum sentimento, nem raiva, nem qualquer esboço de emoção. Ou sofro a ponto de querer morrer ou é indiferente. Apático, nem um arranhado superficial.
Duas histórias em épocas diferentes com o mesmo final.
Ele, implorou uma conversa, um último abraço, relutei, acho sempre desnecessário olhar pra qualquer coisa que te remeta uma dor passada. Sempre fui daquelas que somem. Água de cachoeira que não volta. Mas resolvi ouvir, até agora não sei o que você queria, aquela ansiedade, olhos molhados ainda que não permitisse as lágrimas. Mas ainda não sei se acredito no teu sentimento, seu remorso, sua culpa. Nem quero que tenha. Água de cachoeira bate com força nas pedras, se parte, se corta até acalmar e virar riacho. Essa história virou riacho, virou água parada. Água que não retorna a nascente.
Foram muitas traições, muita coisa suja jogada em mim. Paguei pela inocência de acreditar em um amor que superaria tudo. Que o final feliz viria. Ele não veio. E você diz que eu pareço vencedora, que sou maior que tudo isso, que não deveria ir embora. Não sou vencedora, ninguém ganha nada com a traição. Talvez, apenas cicatrizes. Mas a vida, embora impiedosa, te ajuda a levantar, me fez o favor de a cada morte, ressuscitar inteira, pronta pra todos os caminhos que ela me dará.

Sem mágoa, sem rancor. Hoje preciso ser riacho, renovar as águas, silenciar outras perdas, pra ser cascata no momento ser e me partir de novo. É meu ciclo, minha vida. 
Durante esses 9 meses fora, vivi muita coisa, me afastei do mundo, me afastei de mim mesma. Pra descobrir que sou maior, mais forte e capaz do que eu mesma imaginava. Sou capaz de amar com toda a devoção e isso não depende de ninguém. Eu voltei e ponho livre pra aquilo que o destino me mandar. Que venham os caminhos, as viagens. 
É preciso coragem pra ser livre. Coragem e liberdade regem minha vida. Isso partiu minha alma mas ela se renova, se reconstrói.
Sobre a maioria das pessoas só valorizarem o que já tiveram, eu aprendi a valorizar o que tô tendo agora. A paz de estar perto de quem eu amo e sem o peso do mundo nas costas. Tô aprendendo a acalmar as minhas águas. Mas não é fácil. Não é simples, mas minha vida nunca foi simples.

Os dois amores da minha vida me traíram, me partiram, me quebraram, e voltam dizendo o quanto se arrependeram. Não consigo gostar disso. Lamento. Mas águas passadas não fazem caminho de regresso. A parte que fui, que quebrou, nasceu de novo. Com cicatrizes mas sem o dna do passado. Pronta pro presente. Desejando o futuro.

Que o destino me dê as mãos e me conduza pra onde ele deseja me levar. Eu fechei os olhos e saltei do abismo, não me importam as quedas. Só voa quem se permite voa. Cortei as raízes e deixei crescer as asas.


Maktub.

Meu beijo, Kaká