Apagar



Era mais um domingo à noite, mais um daqueles dias em que não desejava voltar pra casa sozinha. Em quantos abraços eu me perderia procurando o seu? Eu pensava em tantas coisas naquele táxi que corria louco para chegar em seu destino, parecia que o motorista sentia a minha vontade que gritava de ir pra qualquer lugar menos o que eu estava. Eu não fugia de ninguém além de mim mesma. Era o que eu não podia ter que eu corria pra esquecer. Era a forma como o passado voltava que me atormentava. Ainda que eu me mantivesse longe, o passado me buscava e dava um jeito de se fazer presente. Já que não era possível você do meu lado, pelo menos um banho e uma noite de sono sem sonhos eu poderia ter. Eu sei que isso não cura, mas alivia.
 Por onde você anda se meus passos não cruzam com os seus? Por mais quantos caminhos eu tenho que andar sem rumo, sem teus pés pra me guiar?
Tudo se tornava vazio, antes, durante e depois de concretizar. Foram muitos beijos sem gostos, abraços frios, diferentes dos seus.
Me diz quando virá teu substituto? Em qual página dessa história nossos corpos se encontram? e começa meu feliz feliz.
Senti falta de atitudes, palavras, cheiros. Senti falta até do seu silêncio. Do formato perfeito que sua boca encaixava com a minha. 
Hoje eu queria uma noite só nossa. Aquele momento em que teus braços pesavam sobre meu corpo e você ria no meio da noite quando eu acordava falando por causa de algum sonho ruim. Gostava do quanto você se abria contando todos os teus medos, teus sonhos. Aprendi a amar até teus defeitos, teus medos. A tua insegurança que fazia você segurar minha mão de um jeito firme. Queria ouvir você rir de novo do meu espanhol ruim. Só você entendia o que eu falava...
Quero seu substituto. Aquele que apagará essa saudade que insiste em bater. Quero apagar os beijos insossos da memória, quero apagar teus beijos inebriantes, quero apagar do corpo a tua falta.
Ainda acho que amo alguém que se perdeu no tempo, talvez você nem seja exatamente tudo o que lembro.
O que importa é que quero te apagar de vez e pra sempre. Acabar com as noites frias no verão. Se tudo tava escrito, quero o direito de escrever minha própria história. Direito esse que perdi no dia em que te conheci.
Te apagarei da memória como tu me apagaste da tua sem exitar.


Meu beijo, Kaká.