Baú.

"Não procurei, não insisti. Contive tudo dentro de mim até que houvesse um movimento qualquer de aceitação. Quando houve, cedi. Mas no meio da fuga, você aconteceu. Foi você, não eu, quem buscou. Mas o dilaceramento foi só meu, como só meu foi o desespero".
(Caio F.)



Era um dia como outro qualquer, tudo se limitava a continuar, mecanicamente. Só os pensamentos gritavam, ruíam, tiravam o sono, o ar... 
Eu o amava a pesar de tudo, essa era a pior verdade e quanto mais eu tentava fugir, mais isso se voltava contra mim. 
Mariana já não me dizia nada, achava loucura, insensatez. Me olhava torto, com medo. Porque voltar? Eu já tinha todas as respostas e algo dentro de mim não queria desistir, queria continuar ainda que isso me matasse... É doentio, eu sei... Algo que não entendo me conduz diretamente a você.
Talvez quando eu te encontrar eu descubra que tudo não passou de uma ilusão, uma besteira, uma loucura, um sonho bobo que com o tempo se desfez. Talvez eu reconheça isso vendo você materializado bem ali na minha frente. Arrancando você dos meus sonhos e trazendo a tona a realidade.
Eu não sei dizer se vou, se fico, se volto, se me escondo, se corro. Tudo conduz a aceitação de ir, um desespero oculto de te ver, maior ainda de desistir. Quanto mais os dias passam menos certeza eu tenho. E cresce o aperto no peito, memórias esquecidas que retornam das tumbas. Foi tocar aquele baú cheio de memórias, histórias que não conto, que finjo que não existiram, para que elas escapassem. E agora me atormentam, gritam. São sanguessugas insaciáveis, arrastando suas correntes. Eles vem em sonhos, lembranças, palavras, sussurros, fotos, musicas, pensamentos. Os demônios aparecem de diversas formas.
Dessa vez eu não tinha o apoio de ninguém, nem Mariana, nenhum amigo me estenderia a mão, meu coração apertou tanto que eu vi ele sangrar. Tudo isso é pela tua mentira. Foi por amar a tua mentira e odiar a tua verdade.
Devolve a minha paz, me deixa livrar do teu mal. O teu silêncio me sufoca, tuas mentiras me consomem e ainda assim, feito uma rocha eu volto mesmo não sabendo o porque.
Pode me dizer que é exagero, loucura, diz o que quiser. Nada importa mais.
O dias passam, as horas escorrem, o temor da tua presença vem me assombrando, batendo a porta a minha porta e mesmo trancando as portas, deixo aberta todas as janelas.


Ps.: Porque a pior coisa da vida é não saber o que fazer.


Meu beijo, Kaká.

1 comentários:

Alan Brum disse...

A pior coisa de vida não é só 'não saber o que fazer', mas 'não fazer o que se sabe'.
Beijo