Caixa de Pandora




Era um dia quente de primavera, céu azul e sol estarrecedor. Eu estava cansada depois de andar por toda a cidade. Estava cansada de tanta indecisão  foi quando me perguntei:


E se de repente teu beijo não tivesse mais o mesmo gosto? Se de repente o passado se fizesse passado e não pudesse mais ser tão presente? Eu pensava em todas essas coisas enquanto decidia se iria.
Que segredos escondem a caixa de Pandora? 
Quantos gumes tem a mesma faca? 
Quantas verdades tem a mesma história?
Tenho medo, reconheço. Acho que não me permito despedir da ilusão. E Se eu descubro que tudo passou, como me conformo? Por quem procurarei? Se te ver te tira do meu caminho, tira as escamas dos olhos. Me diz o que vejo? Acho que tenho medo de sair da ilusão ou de mergulhar nela. Existe um certo conforto nessa espera não declarada. Nesse final sem um fim.
Acho que me acostumei com as palavras não ditas. 
E se tiro os olhos de ti,  será que me vejo?
Quantas possibilidades existem nos milhares?
Enfrento as perguntas ou sigo com elas?
Afinal, do que tenho medo? De viver na ilusão ou me livrar dela?
Só sei que não me curo do vício, da vontade de conhecer seus mistérios. Os segredos da caixa de Pandora me enlouquecem, me sugam, me cegam.

Só por hoje eu decidi abrir a caixa de Pandora, amanhã pode ser que eu desista.
Existe um encontro marcado, não dito, não combinado, mas imposto.
Só no dia decido se vou ou se fico.
Por hora a caixa é minha e me aguarda, me instiga. Talvez suas verdades sejam mentirosas, terrivelmente doces, amargamente sutis.Um veneno inebriante. Ou quem sabe só ilusão. Quem sabe todo o esforço se resume a correr atrás do vento?
Quem sabem o vento diga algo ou me leve a algum lugar ou não me leve a nada.
Nós nos aguardamos, ainda que não haja uma palavra, nenhum "comum acordo".
Por enquanro deixo que o silêncio fale por nós!


Meu beijo, Kaká.


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