Uma porção de coisas...



"... A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (...) Posso explicar uma porção de coisas mas não posso explicar a mim mesma..."


(Alice - In Wonderland)




Histórias, atitudes, falas, virtudes, medos, recuos, coragem, zelo, as muitas formas de sorriso, as expressões que gritam, as palavras que soam tão confusas... e um desejo enorme de coisas que eu quase não digo. 
Já tem um tempo que não consigo expressar bem o que quero dizer, não tem sido fáceis os meus dias mas de alguma forma tenho conseguido me manter em equilíbrio, equilíbrio esse que há muito eu não via, estou reconhecendo meus limites e reaprendendo a ser doce, a ser de novo paz...
Você me olha como se tentasse entender toda a minha calma e desespero, me enche de perguntas, se cobre de dúvidas e meu silêncio te corta, te fere e isso é tão meu que eu não consigo mudar. Todo mundo diz que existe um ar de tristeza no meu olhar e nem eu sei dizer o porque. Sou uma história complicada, feita de coisas tão simples que te confundem.
Minha sensibilidade te impressiona, vejo e percebo coisas que você não vê, mas não importa mais... 
Vc me pergunta porque me canso fácil de pessoas, porque ouço musicas tão altas, porque danço como se todos os olhares estivessem em mim, porque não faço questão de lembrar de certas coisas, porque não fico, porque não vou embora, porque do não, do sim, do medo, da esperança. Quer saber pra quem escrevo e porque e eu nunca dou respostas exatas, e por que não sei explicar a mim mesma.


Queria que soubesse que estou achando bom viver, conseguido o equilíbrio entre ser guerra e ser paz. Também estou achando muito bom certos laços desfeitos, aceitações, desapegos. To achando bom ter arrancado ele da minha vida, como aquele outro, me sinto respirando de novo, mas eu sinto falta daquela pessoa que um dia e vou olhar e dizer "é essa" e que queiria ficar com toda a minha loucura e com toda a minha paz. Aquele que não vai querer desviar os olhos, aquele que vai gostar de mim pelo que escrevo e vai entender. E que me faça ter a certeza de que todo esse caminho perdido valeu a pena.


Se cuida que eu me cuido também
e continuo acreditando que vai ter sol.


Meu beijo e a saudade de sempre.


Kaká.




Ps.:
Lá está ela, mais uma vez. Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá pra prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa. Acredito que essa moça, no fundo, gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera. Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é? A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas? A moça.. ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. As vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera? E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente. Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo."


(Caio F. Abreu)

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